E se pudesse voltar ao passado para mudar o presente?
Será que isto lhe diz alguma coisa? Ainda há quem acredite que nascemos para simplesmente morrer, que estamos sempre sozinhos neste mundo. Ignoram que antes de tudo o que conhecemos existiu uma energia omnipresente que concebeu tudo o que nos rodeia. E fez algo mais extraordinário, concebeu um ser notavelmente maravilhoso, através da sua infinita bondade fê-lo à sua imagem e, creio, incumbido de uma generosa missão: que a sua passagem pela escola da vida seja significativa. O ser humano, o único ser para o qual o tempo não é tempo, mas uma oportunidade de evoluir e se recriar. Talvez não posso pedir para que compreenda isto, mas Universo deu a todos as condições ideais para que possamos fazer um aprendizado em permanente evolução. Todos somos seres de amor, somos especiais. Acredite, também você é especial, e está incumbido de uma verdadeira missão aqui na Terra. Importa descobrir o seu objectivo de vida o mais cedo possível, porquê? Porque o Universo não comete erros e, se tem atraído para si experiências desagradáveis, questione a sua maneira de viver. Será que está no caminho certo? Será que está no emprego certo? Será que está na relação certa? Será que está na família certa? Uma das coisas que aprendi com esta terapia é que atraímos para nós aquilo que mais precisamos para aprender a perdoar, inclusive a nós mesmos, ultrapassar as nossa limitações e poder crescer e evoluir nesta caminhada até à eternidade. Mas se nos recusarmos a aceitar as lições do passado permanecemos na dor, como alunos repetentes na escola da vida, atraímos para nós as experiências mal resolvidas. Todos caminhamos na mesma direcção, mesmo que a velocidades diferentes. Mas a questão que poderá me perguntar é: o que posso fazer? Como caminhar livre transportando tantos compromissos, traumas e “correntes” do passado? Permita-me falar-lhe da importância de se libertar dos dramas pregressos, através da Hipnose de Regressão, com o caso real de uma minha paciente.
Andreia (nome fictício), tinha 38 anos e estava a viver um drama após o enlace recente do seu segundo casamento. Era uma mulher sofisticada relativamente alta, mas excessivamente forte. O seu principal problema, para além da depressão, era a obesidade. Na verdade tinha vergonha do seu corpo, que reflectia um medo e desinteresse por contacto sexual mais íntimo. Andreia afirmou que tinha cerca de dezoito a vinte quilos a mais. No passado já tinha tentado de tudo: dietas da moda, medicamentos, regimes de jejum, horas contínuas de exercícios físicos no ginásio. Mas, embora estas técnicas ajudassem a perder peso durante algum tempo, rapidamente entrava em depressão e o mais habitual era recuperar instantaneamente o peso que arduamente conseguira abater. Referiu também que o contacto sexual com o anterior marido era frio e distante e pensava que no novo casamento tudo ia mudar. Mas não mudou, talvez por sua culpa, pois incompreensivelmente evitava o contacto e ter relações sexuais com o seu novo marido.
-“Entro em pânico só de pensar em ter relações com o meu marido. E quando entro em pânico refugio-me na comida.”
Dizia-me, notoriamente incomodada. Com efeito, a maior parte das vezes, a tendência para o abuso da comida, ou de uma qualquer outra substância, era um método de algumas pessoas se compensarem, ou ainda uma forma de escapar a situações dolorosas pela necessidade de se proteger de um hipotético perigo. Ironicamente, o excesso de peso pode criar uma barreira de protecção do corpo físico de uma experiência antiga de dor, violência ou abuso sexual.
Com a paciente devidamente acomodada na confortável poltrona do meu consultório, dei início ao processo de transe hipnótico. Já em transe profundo, Andreia começou por recordar uma cena aos 10 anos de idade, um primo mais velho abusava sexualmente dela, após lhe aliciar com guloseimas. Cenas de dor e ressentimento brotavam ininterruptas, como um rio revolto instável e impetuoso, fazendo a paciente chorar sufocadamente. Aproveitei, e dei sugestões para voltar ainda mais atrás, viajar no tempo e no espaço, onde a insegurança, medo e uma necessidade premente de saciação foi mais forte fiquei espantado com a sua resposta.
-“Sou uma mulher jovem… parece-me com cerca de trinta anos de idade… estou no meio de muita gente miserável, assustada e triste – esclareceu. – Vejo pessoas a chorar à minha volta. Não sei nada da minha família, estou sozinha no meio desta multidão e estamos a ser levados para algo terrífico. – Disse, gemendo baixinho.
– Procure saber onde está para onde está a ser levada? – Quis saber para me situar na cena passada. – Não sei bem… mas ouvimos alguns rumores, vamos para o campo de concentração de Auschwitz, na Polónia. Vamos todos morrer, dizem-nos – exclamou ela em agonia.
A paciente estava a viver uma vida bastante recente. Anna era o seu nome nessa vida, relatou que estava em plena Segunda Guerra Mundial, em 1944, e que o exército de Hitler tinha invadido a Hungria. Sendo de origem cigana, fazia parte de um carregamento de judeus e ciganos, que estavam a ser deportados para Auschwitz, em comboio, na Polónia ocupada. Viajou em vagões para gado em terríveis condições, com frio e fome, durante cerca de dois dias. Quando, finalmente, chegou ao campo de concentração descreveu com pormenores incríveis como era executada a desumana triagem, feita pelos oficiais médicos, das temíveis, mas odiadas, “SS”. Anna, nessa vida era uma atraente cigana de cabelos compridos escuros e olhos negros, mesmo mal nutrida, atraíra a atenção dos seus captores. Mal grado, eles arrastaram-na para trás de um barracão e estavam a divertir-se abusando dela sexualmente. As sevícias a que era submetida eram terríficas, e ela procurava resistir-lhe. Reparei na paciente, começou a gesticular e arfar profusamente na segurança da poltrona do meu consultório.
– Argh… não!… Nazis nojentos – gritou agitando as mãos no ar violentamente –, podem possuir o meu corpo, mas não a minha Alma. Odeio-os… odeio-os… – gemeu ela em pranto. Insisti para que ela avançasse no tempo, depois de ouvir a forma violenta e desumana como estava a ser tratada nessa vida. Naquele momento intuí que ia acontecer algo de terrível.
– Fizeram coisas terríveis comigo. Não aguento mais, não quero viver mais. – acabou por dizer com desesperança. Estou a correr, quero fugir daqui – disse-me ofegante –, vou em direcção às cercas eléctricas e de arame farpado… quero morrer… não aguento mais – concluiu, resoluta, enquanto se dirigia, ofegante, para uma aparente fuga daquela terrível degradação humana. Mas era uma fuga inglória, pois fugia em direcção à morte. Mas ela, desesperada, tentava a fuga e não se importava de morrer.
Anna não chegou sequer a tocar na cerca de arame farpado. Um estampido de um tiro ecoou no campo gelado de Auschwitz, e ela tombou com estertor no chão lamacento, quando um projéctil de espingarda a atingiu em cheio na cabeça. Fora abatida a tiro por um dos guardas do campo de concentração, a pouco mais de dois metros da cerca eléctrica. No consultório, notei um ligeiro tremor a percorrer o corpo de Andreia, o seu peito levantou-se ligeiramente na poltrona e de seguida quedou-se, sem forças, inerte, na poltrona. Espantosamente, ela não só recordava aquela vida ao pormenor, como também a somatizava. Ela ficou em silêncio durante alguns instantes, enquanto meditava sobre a situação. Em seguida disse algo séria, mas visivelmente aliviada:
– Estou a flutuar, sobre o meu corpo… – acabou por dizer –, era tão jovem, tão bela. Porquê isto?
Lágrimas de dor e tristeza, pela forma degradante como findou aquela vida, rolavam agora soltas no seu rosto visivelmente mais sereno. Ao rever esta vida, ela estava tão comovida… Tinha sentido a brutalidade, a solidão, o medo, o abuso e a fome. Mas reviver em terapia de regressão esta vida abria-lhe as portas da compreensão, para o seu problema actual de obesidade, frigidez sexual e depressão. Ela sentia-se sensibilizada e com enorme agonia, mas a regressão tinha sido essencial para confirmar que, finalmente, tinha aprendido a sua lição e que o medo e nojo pelas relações no presente nada mais era do que um padrão repetitivo do passado.
– Há muito tempo que adiava passar por este conhecimento, no fundo eu sabia que havia algo no meu passado que não me permitia uma entrega plena no presente. – Agora eu compreendo que todos precisamos de resgatar os padrões cármicos mal resolvidos do passado, para caminhar mais leves no presente – ecoou ela com uma voz maravilhada. – Talvez só a compaixão, o perdão e o poder do amor conseguem neutralizar o nojo e a raiva que sentia. Sei que estou pronta para virar uma página na minha vida. – Ecoou ela visivelmente liberta. Fiquei muito emocionado pelo que acabara de ouvir.
Embora a experiência fosse intensa, efectivamente, foi muito esclarecedora. Acabei por dar instruções para Andreia retornar ao seu corpo notoriamente mais aliviada.
Existem pessoas que ainda têm dúvidas a respeito daquilo que é a Regressão, ou o que acontece a uma pessoa num estado elevado de consciência. Na realidade, não existe nada de mais sublime e extraordinário do que tomar conhecimento da nossa própria essência imortal. Uma das metas da técnica de Hipnose de Regressão, de modo semelhante ao que se passa com a meditação, é a de ter acesso ao inconsciente mais profundo. Onde existe um vasto reservatório de experiências e saberes ancestrais que devidamente acessado, e extraídas as lições mal resolvidas do no passado, pode fazer toda a diferença para ultrapassar o presente. Essa instância psíquica é a parte da nossa mente que jaz logo abaixo da consciência normal de pensamentos, sentimentos, estímulos exteriores e outros factos ao nosso estado de vigília. Na mente inconsciente desenvolvem-se processos mentais sem que tenhamos uma percepção consciente e imediata dos mesmos. Quando esses conteúdos inconscientes surgem instantaneamente no nosso estado consciente, experimentamos momentos de intuição, de sabedoria e de criatividade supremos. Quando em estados de transe hipnótico, se tivermos acesso e perscrutamos um pouco mais profundamente, deparamo-nos com um “local mágico” que guarda a sabedoria mais profunda de um gigante de luz, quer dizer, deparamo-nos com as reminiscências da Alma e da nossa memória ancestral.
“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda.”
Disse um dia Carl Jung, pai da Psicologia Analítica, quando referia a possibilidade da existência do Inconsciente Colectivo que era composto por saberes e memórias ancestrais. Talvez, digo eu, aprendemos a ser felizes não quando vemos a vida perfeita, mas quando aprendemos a ver perfeitamente a dádiva da vida. Gosto de acreditar que somos consciência temporariamente reencarnada, somos seres intemporais dentro destas formas humanas. Em Hipnose de Regressão concentramos num nada a vida toda, eu gostaria de conhecer melhor este maravilhoso mundo ancestral, e você?
Alberto Lopes
Comments (2)
Tenho panico em conduzir, carta gs 30 anos mad era o marido que levava e trazia para o trabalho. AGORA NAO PODE CONDUZIR, FALTA DA MOBILIDADE. RESULTARA COMIGO AS CONSULTAS.?
Olá Rosário, sim a hipnose pode ajudar na Clínica Dr. Alberto Lopes, o hipnoterapeuta utiliza técnicas específicas para levar o paciente ao estado de transe, deixando-o mais sugestionável e aberto a influências externas. A partir daí, o hipnoterapeuta sugestiona o paciente a “voltar” até o momento em que o medo foi registado pela primeira vez, e mostra a ele que as suas reações não fazem sentido e são exageradas. É uma forma de reeducação, feita pelo sugestionamento num momento em que o paciente está com o seu estado de consciência alterado. Esta nova aprendizagem passará a fazer parte da vida do paciente, excluindo as reações exageradas a determinadas situações do quotidiano.