O Síndrome de Burn-on: como a hipnose clínica HCI® pode ser a solução

Já todos ouvimos falar em burnout, mas atualmente alguns psicólogos falam no termo Burn-on. De que se trata e qual é a diferença entre ambos?

Resposta: Efetivamente, já todos ouvimos falar em burnout, mas Schiele e Wildt agora trazem o termo Brun-on que nada mais nada menos significa viver sempre muito próximo de um burnout, uma forma de “depressão de exaustão crónica”, de estar sempre na linha vermelha. A pessoa em burn-on apresenta um estado de exaustão emocional, física e mental causado pelo stresse prolongado e intenso no trabalho, que leva a sentimentos de exaustão, desmotivação e baixo desempenho no trabalho. Habitualmente a pessoa não têm consciência deste estado de quase exaustão permanente, sobretudo porque vivemos numa sociedade voltada para a produção. Infelizmente, a síndrome de burn-on é mais geral do que se pensava e não afeta somente os profissionais de saúde. “De acordo com Schiele e Wildt (2018), “Burn-on” foi cunhado pelos autores num artigo intitulado Burn-on: A New Type of Burnout in Nurses.”

Quais são as principais características do burn-on comparativamente ao burnout?

Resposta: Burnout significa estar em exaustão física, mental e/ou emocional, estado este que incapacita a pessoa de realizar as suas atividades de vida diárias. O burn-on, por sua vez é sinónimo de estar sempre à beira do burnout, no entanto a pessoa ainda consegue ter alguma energia vital para se manter relativamente ativa. É claro que como passar do tempo a pessoa pode deprimir ou desencadear um burnout, o corpo é uma máquina que também se desgasta e que de forma insidiosa o burn-on pode levar a consequências físicas e mentais mais graves.

Quais os principais Sinais de alerta de que podemos estar à beira de um bur-on?

Resposta: Paradoxalmente, o burn-on começa por ter uma curva insidiosa à qual a pessoa se vai adaptando, mas é esse o seu maior problema já que geralmente o pensamento da pessoa é o “eu consigo aguentar…”. Nada mais errado! Recordo que esta síndrome apresenta características depressivas, mas não é depressão é mais uma espécie de exaustão crónica. Habitualmente a pessoa não têm consciência deste estado de quase exaustão permanente, sobretudo porque vivemos numa sociedade voltada para a produção. Contudo, existem algumas pistas que nos alertam de que algo não está bem connosco, deixo algumas:

  • Falta de distinção entre tempo de trabalho e tempo livre. Com as tecnologias e a internet a um click instantâneo, encontramo-nos constantemente a verificar e a gerir a caixa de e-mail e por isso claramente não há um limite saudável entre vida profissional e pessoal;
  • Falta de energia para fazer atividades fora do âmbito do trabalho: fazer desporto, passear, estar com amigos ou mesmo ler um livro;
  • Encher excessivamente a vida privada com atividades e compromissos; 
  • Stresse, ansiedade, pressão alta, dores de cabeça recorrentes, tensão muscular.

Estes são alguns sinais de alerta que devem ter sido em conta, pois podemos estar na presença de um burn-on e que deve ser tratado o quanto antes. Por exemplo a hipnose pode ser de grande ajuda.

De que forma a hipnose pode ajudar a gerir ou até ultrapassar este problema?

O uso da hipnose neste tipo de síndrome tem tudo a ganhar e nada a perder, até porque geralmente a medicação (psicofármacos) já pouco ajuda, uma vez que geralmente que está em burn-on está a tomar medicação, como referi, numa tentativa de se aguentar mais um pouco. A hipnose apresenta soluções novas para problemas antigos sendo uma abordagem natural, inócua e não-invasiva faz uso dos recursos internos da e desbloqueia o que porventura possa estar a afetar emocionalmente o paciente. Como exemplo, o uso da hipnose pode ajudar a reduzir a ansiedade e o stresse, melhorando a qualidade do sono e aumentando a energia. Também pode ajudar as pessoas a reprogramarem seus pensamentos e comportamentos negativos, para que possam lidar melhor com a ansiedade do dia a dia.

O que é a hipnose? Todas as pessoas podem ser hipnotizadas?

Resposta: Pessoalmente, gosto de dizer que a hipnose é uma interessante combinação de relaxamento físico e perspicácia mental. Importa compreender que o termo «hipnose» é usado de muitas formas diferentes, portanto não é um conceito unânime, e a sua definição pode variar de acordo com a abordagem teórica.  Contudo, podemos afirmar que o transe hipnótico é caracterizado por um estado livre e expansivo de consciência, em comparação com os estados normais de vigília e de sono, em que a mente humana desenvolve uma acuidade à recetividade à sugestão, o que permite aflorar traumas ou recalcamentos internos que porventura possam a estar a impedir a pessoa de superar o seu problema. O aspeto mais interessante da hipnose é a mudança experimental subjetiva. Ou seja, em hipnose, deixamos de prestar tanta atenção à consciência periférica e focamos mais atenção no nosso mundo interior, às nossas experiências internas. Teoricamente todos somos suscetíveis à sugestão hipnótica. Todavia, algumas pessoas, que por mecanismos próprios de defesa mental e necessidade de controlo se mantém refratários a qualquer tipo de indução. Vulgarmente diz-se que cada caso é um caso, por isso, é importante lembrar que cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente à hipnose. É importante adaptar a abordagem de acordo com as necessidades e preferências do indivíduo e dessa forma, creio, que todos podem usufruir dos efeitos do transe hipnótico.

No que diz respeito ao Bur-on, que vantagens pode trazer a hipnose comparativamente aos outros tratamentos?

Resposta: Pessoalmente, acredito que a hipnose pode ser uma ferramenta absolutamente útil para ajudar as pessoas que sofrem de burn-on. A hipnose permite fazer “pontos de corte, ao stresse diário e ajuda a reduzir a ansiedade e o  desgaste emocional, aumentando a energia e motivação. Além disso, a hipnose também pode ser usada para ajudar as pessoas a desenvolver habilidades de resiliência e superação. Através da sugestão hipnótica, podemos ajudar as pessoas a se verem como mais fortes e capazes de lidar com os desafios da vida, a questionarem as verdades absolutas e a fazer as pazes com os seus traumas passados.

Que tipos de pessoas são mais propensas a desenvolver este tipo de problemas, como o burn-on?

Resposta: Existe tipos de personalidades mais propensos a desenvolver este tipo de doença mental. Por exemplo, pessoas perfecionistas e orientadas excessivamente para metas e objetivos; ou pessoas cujo único sentido de vida seja o trabalho, ou também aquelas pessoas que trazem uma história de vida feito de traumas, exigências absurdas ou necessidade de valorização pelas figuras de vinculação

Uma técnica que eu uso frequentemente é a hipnose de regressão. Com essa técnica, podemos ajudar as pessoas a acessar suas memórias inconscientes para identificar a origem de seus problemas. Muitas vezes, o burn-out é causado por um evento traumático do passado, como uma perda, um acidente ou um conflito no trabalho. A regressão hipnótica pode ajudar a pessoa a processar essas emoções e liberar o estresse acumulado.

Os traumas do passado podem ser mais facilmente resolvidos com a hipnose?

Sim! É importante recordar que o que aconteceu na infância não fica na infância persegue-nos toda a vida. Por vezes o corpo chora as lágrimas que nos recusamos a chorar no nosso passado. A “arqueologia da alma”, como Freud costumava chamar ao processo mental de psicanalisar as memórias passadas, pode-nos ajudar a descobrir como os nossos pais e os seus desejos influenciaram as nossas vidas, além de como as experiências da infância podem moldar a nossa visão de mundo. Muitas vezes, a infância assume um papel crucial na terapia, não porque as experiências da infância sejam mais marcantes do que as do presente, mas porque os eventos de hoje têm relevância e sentido a partir de nosso passado e, portanto, da forma como fomos criados nossa infância.

A tomada de consciência é uma parte essencial do processo de hipnose regressiva, pois permite que o paciente descubra o que está por trás de suas ações e comportamentos disfuncionais. Isso pode levar a descobertas revolucionárias sobre si mesmo, ajudando a superar traumas do passado e a encontrar uma nova perspectiva sobre a vida atual fazendo as correções necessárias para uma vida mais equilibrada. Em resumo, a hipnose clínica e a técnica regressiva podem ser ferramentas poderosas para desenterrar eventos do passado, trazê-los à luz e mudar a maneira como eles afetam nossa vida presente.

Alberto Lopes – neuropsicólogo/hipnoterapeuta

Responsável da Clínica Dr. Alberto Lopes – Psicologia & Hipnose Clínica

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