Imagine-se a chegar ao aeroporto, carregada/o com a sua bagagem cheia de sonhos, ansiosa/o por desfrutar de umas férias merecidas num destino paradisíaco. O sol brilha, e a promessa de dias de descanso e felicidade paira no ar. No entanto, à medida que se aproxima do “check-in”, algo começa a mudar dentro de si. A ansiedade começa a erguer-se como uma sombra. As mãos, antes tranquilas, agora tremem ligeiramente, e o coração bate mais rápido. O que antes era entusiasmo transforma-se numa sensação crescente de desconforto.
À medida que a hora do voo se aproxima, o que deveria ser um momento de pura alegria começa a parecer um pesadelo iminente. A ideia de estar fechada num avião, suspensa a milhares de metros de altura, desperta um medo profundo. O desejo de manter o controlo é substituído por uma sensação de impotência, e o que parecia ser o início de uma aventura emocionante, aos poucos, transforma-se numa batalha interna contra o pavor de voar. Socorro, tenho medo de viajar de avião!
Infelizmente, este cenário é familiar para muitos que sofrem de aerofobia. Embora as causas possam ser variadas, o impacto é sempre o mesmo: um medo paralisante que, se não for controlado, pode limitar as experiências e a qualidade de vida. Mas, assim como qualquer batalha, esta também pode ser vencida. E é aqui que estratégias e terapias específicas podem fazer toda a diferença, permitindo que o céu volte a ser um lugar de liberdade e não de temor.
Sabia que a aerofobia, ou medo de voar, é um problema mais comum do que se imagina. Embora a ideia de um voo possa parecer inofensiva para muitos, para outros, é uma fonte de ansiedade intensa e paralisante. Esta fobia afeta entre 2,5% a 6,5% da população global, e, embora nem todos cheguem a desenvolver uma fobia completa, cerca de 40% das pessoas sentem algum grau de desconforto ao viajar de avião.
Os sintomas da aerofobia são variados e podem incluir sudorese, palpitações, falta de ar, tontura e até ataques de pânico. Muitas vezes, este medo está enraizado no medo de perder o controlo, uma preocupação comum entre aqueles que lidam com ansiedade. A ideia de estar num espaço fechado, a vários milhares de metros de altura, confiando inteiramente nos pilotos e na tripulação, pode ser esmagadora.
A origem deste medo pode estar ligada a experiências traumáticas anteriores, como voos turbulentos ou incidentes assustadores, mas também pode ser alimentada por outras fobias, como a acrofobia (medo de alturas) ou a claustrofobia. Além disso, fatores genéticos e a observação de comportamentos ansiosos nos outros também podem contribuir para espoletar estes medos.
Felizmente, existem estratégias eficazes para lidar com a aerofobia. Técnicas de respiração controlada, que ajudam a acalmar o sistema nervoso, podem ser uma grande ajuda. Expor-se gradualmente à experiência de voar, por exemplo, através de voos curtos ou visitas ao aeroporto, também pode ser benéfico. A distração, através da leitura ou de filmes durante o voo, pode ajudar a desviar a mente do medo.
Para aqueles cujo medo é mais profundo, a hipnoterapia oferece uma alternativa promissora. Utilizamos técnicas de hipnose para ajudar os pacientes a reprocessar memórias traumáticas, permitindo que liberem o medo associado e compreendam as causas profundas dos seus ataques de pânico. Esta técnica, ao trabalhar com o subconsciente, permite reprocessar traumas e reduzir a dependência de medicamentos, capacitando o paciente formas funcionais para gerir melhor os seus sintomas.
Seguidamente menciono algumas das vantagens do uso da Hipnose Clínica em comparação com outras abordagens:
1. Menos Dependência de Medicamentos: Ao contrário dos psicofármacos, que podem ter efeitos secundários e causar dependência, a hipnose não possui efeitos colaterais químicos.
2. Autonomia do Paciente: A hipnose capacita o paciente, fornecendo-lhe ferramentas para autoregulação e gestão dos seus sintomas.
3. Tratamento Direcionado: Enquanto a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode exigir várias sessões para identificar e reestruturar crenças disfuncionais, a hipnose pode acelerar este processo, acedendo diretamente ao subconsciente.
4. Flexibilidade Terapêutica: A hipnose pode ser integrada em outras abordagens terapêuticas, complementando e potenciando os seus efeitos.
Na ansiedade de voar as causas podem ser imaginárias, mas os sintomas são bem reais, e muitas vezes incapacitam as pessoas de terem uma vida normal. A boa notícia, superar a aerofobia é possível, e com as ferramentas certas, o céu pode tornar-se um lugar menos assustador e mais libertador.
Alberto Lopes – neuropsicólogo/hipnoterapeuta
Clínica Dr. Alberto Lopes – Psicologia & Hipnose Clínica
Clínicas em:
· Porto: Rua Santos Pousada nº 1159
· Aveiro: Avenida Dr. Lourenço Peixinho nº15, 3F
· Lisboa: Av. Óscar Monteiro Torres nº8-4º Drt.