Depressão Sazonal: Quando o Inverno Traz Mais do Que Frio

A depressão sazonal, ou Perturbação Afetiva Sazonal (PAS), é frequentemente atribuída à redução da luz solar nos meses de outono e inverno, que impacta a produção de melatonina e serotonina, afetando os ritmos circadianos. Há uma forte base biológica, mas a vulnerabilidade individual, incluindo predisposição genética e histórico de depressão, também desempenha um papel importante.

Deixe-me usar esta analogia, imagine que o nosso humor funciona como um jardim. Com luz suficiente, as flores crescem e o ambiente é vibrante. Mas, quando o sol desaparece, o jardim murcha, e tudo parece mais sombrio, não é verdade. É algo do género que se passa com alguém que está a passar por uma depressão sazonal.

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, (DSM-5), a depressão sazonal (PAS), é classificada como um subtipo de depressão maior, associada a alterações sazonais. Ou seja, esta condição clínica afeta, pessoas com predisposição genética e histórico de depressão, pois tem forte impacto na qualidade de vida. Trata-se de uma perturbação de humor que, como o próprio nome indica, surge em determinadas estações do ano, sendo mais comum no outono e inverno, quando os dias são mais curtos e há menos luz natural.

  • O que causa a depressão sazonal?

A depressão sazonal está intimamente ligada à falta de exposição à luz solar. No inverno, quando os dias ficam mais curtos, o nosso corpo produz menos serotonina, uma hormona importante que regula o humor, e pode aumentar os níveis de melatonina, que nos faz sentir mais sonolentos. Estes desequilíbrios podem causar sintomas como cansaço excessivo, apatia, irritabilidade, dificuldades de concentração, aumento do apetite (especialmente por hidratos de carbono) e até mesmo tristeza profunda.

Mas não é só o lado biológico que pesa. A redução das atividades ao ar livre, o isolamento social e o impacto cultural do inverno também podem contribuir para o problema.

  • Quem é mais afetado?

A depressão sazonal afeta cerca de 1% a 6% da população da Europa, sendo mais prevalente nas regiões nórdicas, onde os invernos são mais longos e escuros, podendo chegar a afetar 10% da população. Curiosamente, é mais comum entre mulheres e costuma surgir no final da adolescência ou início da idade adulta. Contudo, pode impactar qualquer pessoa, especialmente aquelas com histórico de depressão ou que vivem em locais com menor incidência solar.

  • Impacto na vida das pessoas

Viver com depressão sazonal pode ser como tentar atravessar um túnel escuro sem ver o fim. Esta condição afeta não apenas o bem-estar emocional, mas também a vida social, profissional e familiar. Muitas vezes, o simples ato de levantar-se da cama torna-se um desafio monumental, e as pessoas podem sentir-se incompreendidas ou até julgadas por quem não entende a gravidade do problema.

  • Plano de ação: como lidar com a depressão sazonal

Embora a depressão sazonal possa parecer inevitável, há formas de minimizá-la e recuperar a qualidade de vida. Aqui está um plano de ação simples:

  1. Luz é essencial: sempre que possível, aproveite a luz solar. Saia ao ar livre, mesmo em dias frios, e mantenha as cortinas abertas durante o dia. Terapia de luz (light therapy), que utiliza uma caixa de luz especial, também é muito eficaz.
  2. Rotina ativa: pratique exercícios físicos regularmente, mesmo que seja apenas uma caminhada. O movimento ajuda a equilibrar os químicos do cérebro e a melhorar o humor.
  3. Dieta equilibrada: prefira alimentos ricos em triptofano, como bananas, aveia e nozes, que ajudam a aumentar a serotonina.
  4. Conexão social: não se isole. Fale com amigos e familiares, mesmo que não tenha vontade. O apoio social é um grande aliado.
  5. 5. Procure ajuda profissional: Se os sintomas forem intensos e limitantes, a terapia cognitivo-comportamental pode ser uma aliada importante, ajudando a transformar padrões de pensamento negativos. Contudo, a abordagem que recomendo como especialmente eficaz é a hipnose clínica regressiva.
  • Vantagens no uso da hipnose clínica

A hipnose clínica é uma arte de conexão e transformação em que encanta pela simplicidade, mas surpreende pela sua profundidade. Esta técnica terapêutica, simples na sua essência, é profundamente transformadora e conecta-nos às camadas mais íntimas do nosso ser.

Imagine-se a ser guiado, com suavidade, para um estado de profunda paz e relaxamento. Nesse momento, o ritmo frenético do dia a dia cede lugar a um fluxo sereno de pensamentos positivos. A mente consciente, muitas vezes ocupada por uma voz incessante e crítica, acalma-se, permitindo que o subconsciente – aquela parte criativa e essencial de nós – emerja à superfície.

No caso da depressão sazonal, que tantas vezes nos visita nos meses mais escuros do ano, a hipnose pode funcionar como um farol na escuridão. Técnicas como a hipnose regressiva criam uma ponte segura para explorar memórias e emoções do passado, oferecendo a oportunidade de ressignificar experiências e libertar traumas ocultos. Neste processo, crenças limitantes, que amplificam a tristeza ou a apatia, são gentilmente substituídas por crenças positivas e construtivas.

  • A imaginação é a matéria-prima da hipnose

A hipnose permite também criar uma espécie de “sonho lúcido”. Imagine um cenário de tranquilidade – talvez uma praia ensolarada onde sente o calor acolhedor do sol na pele. A imaginação, sendo a matéria-prima da hipnose, tem um poder transformador: para a mente, não há distinção entre o real e o imaginário. Este simples exercício pode estimular a produção de serotonina, um neurotransmissor essencial para regular o humor e equilibrar os ciclos circadianos.

Além disso, a hipnose oferece uma ligação única com o presente. Com os olhos fechados e o mundo exterior distante, é possível sentir o pulsar da vida dentro de si: o ritmo da sua respiração, o calor que irradia no peito ao evocar memórias felizes, e o simples prazer de existir. Esta conexão com o agora gera bem-estar e harmonia, ajudando a alinhar mente e corpo com a frequência natural da vida.

Conclusão

Com cuidados simples e o apoio certo, é possível superar a depressão sazonal e atravessar os meses mais escuros com mais leveza e até encontrar neles momentos de autodescoberta. A hipnose não apenas ilumina a escuridão do inverno interno, mas ajuda-nos a reencontrar a nossa força interior, transformando cada desafio num trampolim para a primavera das nossas vidas. Porque, afinal, mesmo nos invernos mais rigorosos, há sementes de flores que esperam pacientemente pelo momento de desabrochar: a primavera da vida.

Alberto Lopes – neuropsicólogo/hipnoterapeuta 

Clínica Dr. Alberto Lopes – Psicologia & Hipnose Clínica Clínicas em: 

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